sábado, 28 de maio de 2011

Toques de Felicidade -- by marypop

LOVE


O ministério da saúde adverte: felicidade causa inveja ...quem é feliz não diz..não confunda bom humor com felicidade, se isso fosse relevante não existiriam tristes palhaços... ostentar alegria é pecado...o segredo de ser feliz por mais tempo é sê-lo em segredo...felicidade é para ser vivida e não para ser “dizida”...quer ser feliz? faça alguém feliz...procure uma razão para ser feliz com a felicidade do outro...não finja que é feliz pois a mentira é inimiga da felicidade. Contudo, se isso deixá-lo feliz por um minutinho que seja, minta somente para si..não ser feliz atrai mais infelicidade...na falta de sentir-se feliz seja criativo, invente com que se alegrar...se um grande número de pessoas torce pela sua felicidade é sinal de que você está fazendo a coisa certa. O inverso literal dessa ideia resulta na mesma teoria final... se você espera que um outro lhe faça feliz, puxe o banco e sente-se...mascare a infelicidade com um sorriso, por certo, isso atrairá alguma sorte...em verdade vos digo: ser feliz é um direito de todo ser humano... e o dever, é fazer o maior numero possível de pessoas felizes... faça com que as pessoas sintam-se tristes apenas pela sua ausência e alegria na sua presença...se já és feliz em ter, imagine o quanto mais serias, por simplesmente ser?...a felicidade é passageira porque os desejos são transitórios...enquanto ser feliz estiver em suas mãos, não perca um minuto sequer não o sendo...é triste a hora em que não temos mais poder de escolha e a felicidade não passa de memoráveis lembranças...na vida não existe nada absoluto, por isso a felicidade é nos dada em frações...se a felicidade fosse um estado constante, onde estaria a graça da vida?...a busca pela felicidade é que dá todo o sentido disso que chamamos viver...não seja tal qual uma criança mimada, pois a felicidade gosta de brincar de esconde-esconde, portanto, vá ao seu encontro....


domingo, 22 de maio de 2011

Músicas de Caymmi e seu Violão (1959), by, Hélio Diógenes Cambuí

Caymmi e Seu Violão' (1959). Não foi fácil Aloysio de Oliveira, diretor artístico da gravadora Odeon, convencer seus chefes a produzir um dissco no qual Caymmi cantasse suas canções da maneira mais simples possível, acompanhando-se somente com o violão. O resultado é uma obra prima de nossa canção popular, com Caymmi inspiradíssimo, se superando em todas as canções, com sua voz grave dando um tom dramático às letras.



Discurso de Charlie Chaplin em "O grande ditador" legendado em português

Françoise Hardy - Tous les garcons et les filles - 1962





(Paroles: F.Hardy - Musique: F.Hardy/R. Samyn)

Tous les garçons et les filles de mon âge
se promènent dans la rue deux par deux
tous les garçons et les filles de mon âge
savent bien ce que c'est d'être heureux

et les yeux dans les yeux et la main dans la main
ils s'en vont amoureux sans peur du lendemain
oui mais moi, je vais seule par les rues, l'âme en peine
oui mais moi, je vais seule, car personne ne m'aime

mes jours comme mes nuits
sont en tous points pareils
sans joies et pleins d'ennuis
personne ne murmure "je t'aime" à mon oreille

tous les garçons et les filles de mon âge
font ensemble des projets d'avenir
tous les garçons et les filles de mon âge
savent très bien ce qu'aimer veut dire

et les yeux dans les yeux et la main dans la main
ils s'en vont amoureux sans peur du lendemain
oui mais moi, je vais seule par les rues, l'âme en peine
oui mais moi, je vais seule, car personne ne m'aime

mes jours comme mes nuits
sont en tous points pareils
sans joies et pleins d'ennuis
oh! quand donc pour moi brillera le soleil?

comme les garçons et les filles de mon âge
connaîtrais-je bientôt ce qu'est l'amour?
comme les garçons et les filles de mon âge
je me demande quand viendra le jour

où les yeux dans ses yeux et la main dans sa main
j'aurai le coeur heureux sans peur du lendemain
le jour où je n'aurai plus du tout l'âme en peine
le jour où moi aussi j'aurai quelqu'un qui m'aime

sábado, 21 de maio de 2011

Sous le Vent - Garou

Da amizade, by Hélio Diógenes Cambuí Alves


Um trecho do belíssimo ensaio de Montaigne, Da Amizade, que trata da amizade e morte de seu melhor amigo, La Boétie.

“...Desde o dia em que o perdi, dia que nunca deixarei de ver como um dia cruel e nunca deixarei de honrar - essa foi vossa vontade, ó deuses! (Virgílio) não faço mais que me arrastar languescente; e os próprios prazeres que se me oferecem, em vez de consolar-me, redobram a tristeza de sua perda. Participávamos a meias de tudo; parece-me que estou roubando sua parte, E decidi que já não devia desfrutar prazer algum, já não tendo aquele que compartilhava minha vida(Terêncio) Já estava tão afeito e habituado a ser um de dois em tudo que me parece não ser mais do que meio. Já que um golpe prematuro arrebatou-me aquela metade de minha alma, por que eu, a outra metade, continuo aqui, eu que estou desgostoso de mim mesmo e que não sobrevivo por inteiro? O mesmo dia perdeu-nos a ambos. (Horácio) Não há ação nem pensamento em que eu não sinta sua falta, assim como ele teria sentido a minha...”

Michel de Montaigne, Os Ensaios, livro I, editora Martins Fontes, São Paulo, 2002. Da amizade, p. 273 -291


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Na distância... by Pedro Alves


Na distância cresce o amor.
Neste quarto vazio, de ninguém
procuro o calor do nosso lar.
O calor da lareira,
o conforto do jantar ao lume,
de um gesto ou palavra.
A tranquilidade de uma melodia pelo ar,
a torre da igreja marcando o tempo.
Na nossa casa o tempo
mede-se em metades de hora.
E move-se com o sol e a lua.
Mesmo que o frio congele o mundo
e o vento amedronte os bichos
cá dentro, no nosso lar
há um morno sossego que aquieta
um chamamento à paz e à meditação.
Aqui… o tempo é eterno,
e o silêncio é diálogo sem fim.

 in http://ilheuerrante.blogspot.com/

Louis Armstrong, Benny Goodman & Danny Kaye, in A SONG IS BORN

domingo, 15 de maio de 2011

BWV 1004 for orchestra by J.S.Bach for Trumpet solo by Erich Kunzel


Composed by Johann Sebastian Bach

Think of Me - The Phantom of Opera (Legendado) - by Hélio Diógenes Cambuí







  • Sinopse - Mais uma adaptação do clássico romance de Gaston Leroux. A história começa quando um fantasma (Gerard Butler) aterroriza uma companhia de ópera francesa. Quando ele finalmente leva a soprano principal à loucura, ela abandona o trabalho e uma jovem, Christine (Emmy Rossum), assume o papel. É por ela que o fantasma está apaixonado. Por isso, a seqüestra para que ela seja sua noiva eterna.



Boccherini - Fandango - Castanets - by Hélio Diógenes Cambuí


Carmina Quartet (Matthias Enderle, violin 1, Susanne Frank, violin 2, Wendy Champney, viola & Stephan Goerner, violoncello) plays the fourth movement (”Fandango”) from Boccherini’s Guitar Quintet G. 448 in D Major. With Rolf Lislevand, guitar and Nina Corti, castanets.


http://blogdofavre.ig.com.br/

sábado, 14 de maio de 2011

FLAMENCO, by Hélio Diógenes Cambuí

DANÇA FLAMENCA - BULERIAS, by Hélio Cambuí

Fandango

Boccherini Fandango - Ivanovic / Lyra

Vigília - Misty



As estrelas desenham-se frágeis num teto opaco de reminiscências. Perscruto através das paredes as poucas vozes que nos restam. De ti, apenas um gesto, o teu melhor, como sempre. Saiba eu acolhê-lo também da forma de toda a sua plenitude, e guardá-lo preciosamente numa caixa junto ao coração. 

As estrelas desenham-se sem suporte. Instalam-se no céu e nas esplanadas da rua escura, atrapalhadamente. Dei-lhes o teu nome, e uma página de diário em branco para elas habitarem sossegadas. Do outro lado da folha, uma estrofe vertida pelos teus lábios numa tarde de há demasiados dias. Em hipérbole, obviamente, como devem ser todas as cartas dos amantes.

Visto-me das cores das folhas de Outono, que não chegaram ainda. Amanhã de manhã já vou beijar as tuas mãos, e as estrelas ficarão à porta à nossa espera. Fá-las-emos esperar, como sempre? Desta vez talvez fique lá dentro mais um pouco, semi-escondida no meio dos teus braços e das faixas de música, até que a maior parte das pessoas tenham já partido para outro fuso horário. E as folhas de Outono virem andorinhas e o céu seja o de primavera vaidosa e febril.

Creio que alguém devia escrever alguma coisa acerca das estrelas a flutuar lá em cima. Eu já esqueci os nomes que lhes dei outrora, enquanto absorvia as palavras vermelhas do poema. Leio-o agora, na esperança de te ver nascer das suas linhas hiperbolicamente, por detrás do pêndulo da tua falta nestas mãos que não te agarram, como não me servem. Pego no telefone para tentar não ouvir o conta-gotas das ausências, e falo de ti às paredes do quarto. Baixinho, elas respondem-me com a tua voz, do outro lado: “Traz-me os teus caracóis ruivos. Devo-lhes algumas horas de contemplação.”

O copo ainda está vazio - Misty




O tempo quebra-nos os dedos. A bebida tornam-nos frágeis. Então partimos, partimos num horizonte sem eco, sem pegadas. As pessoas todas ficaram para trás, chegamos onde já não as conseguimos chamar. Já nem sabemos o nosso próprio nome, pois tudo se esvaziou sobre um labirinto de frases vazias. E, contudo, parece que nos caem nas mãos, as palavras, caem-nos nas mãos. 
Bebe mais um gole. Deixa-te invadir por essa inconsciência que te leva todas as razões, até ficares só com a vertigem e os estilhaços que potencialmente te pertencem. E o desejo, as mágoas, o regresso. Se pudesses regressar a um tempo que já não existe, não saberias fazê-lo. Já não sabes ser o que eras quando não eras o que agora és. Já não sabes ser aquilo que não queres.
Tenta preservar a alucinação só por mais um par ou dois de minutos, até teres certeza. Depois podes sair, e oferecer a alguém todas essas palavras que te caíram nas mãos. Pronunciá-las como deve ser, como um verso mal construído que de tão honesto nos faz estremecer. E saberes fazê-lo, agora que te sabe bem fazê-lo. Na verdade, não saberias dizer tudo isto de outra forma que não esta. Mais uma vez, só o dizes pela metade.
Era tudo tão mais simples para ti se todas as noites fossem sexta-feira agarrada ao seu peito enquanto a música soava, ou sábado de manhã enquanto no teu cérebro tocavam notas idênticas a essas. E tu a tentares tocar as teclas de um piano imaginário, no meio dos lençóis e do perfume a incenso e a sofreguidão.
Tenho medo de um dia acordar e não ver o teu rosto. 

Precisão - Clarice Lispector



O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.


Clarice Lispector

quarta-feira, 11 de maio de 2011

As Ilhas - Astor Piazzola/Geraldo Carneiro







As Ilhas
Astor Piazzola/Geraldo Carneiro

Vi mosca urdindo fios
De sombra na madrugada
Vi sangue numa gravura
E morte em caras paradas

Via vis de meia noite
E frutas elementares
Vi a riqueza do mundo
Em bocas disseminadas

Vi pássaros transparentes
Em minha casa assombrada
Vi coisas de vida e morte
E coisas de sal e nada

Vi um cachorro sem dono
À porta de um cemitério
Vi a nudez nos espelhos
Cristas na noite velada

Vi uma estrela no meio
Da noite cristalizada
Vi coisas de puro medo
Na escuridão espelhada

Vi um cruel testamento
De anjos na madrugada
Vi fogo sobre a panela
No forno de uma cozinha

Vi bodas inexistentes
De noivas assassinadas
Vi peixes no firmamento
E tigres no azul das águas

Mas não via claramente
A circulação das ilhas
Nos rios e nas vertentes
E vi que não via nada
Nada, nada...

Pablo Neruda por Mercedes Sosa

Poema 15
Pablo Neruda

Me gusta cuando callas porque estás como ausente
y me oyes desde lejos y mi voz no te toca,
parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Me gustas cuando callas y estás como distante
y estás como quejándote mariposa en arrullo,
y me oyes desde lejos y mi voz no te alcanza
déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara simple como un anillo,
te pareces a la noche callada y constelada
tu silencio es la estrella tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente
distante y dolorosa como si hubieras muerto,
una palabra entonces, una sonrisa bastan
y estoy alegre, alegre de que no sea cierto,
una palabra entonces, una sonrisa bastan
y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

sábado, 7 de maio de 2011

ESBOÇO DE UMA SERPENTE - Paul Valéry

Entre a árvore, a brisa acalenta 
a víbora que hei de vestir;
um sorriso, que o dente espeta
e de apetites vem luzir,
sobre o jardim se arrisca e vaga,
e o meu triângulo de esmeralda
atrai a língua do reptil...
Besta sou, porém besta arguta,
cujo veneno, embora vil,
deixa longe a sábia cicuta!

Suave é este tempo de prazer!
Tremei, mortais, ao meu valor
quando, sem me satisfazer,
bocejo e quebro o meu torpor!
A esplendidez do azul aguça
esta cobra que me rebuça
de uma animal simplicidade:
vinde a mim, ó raça aturdida!
Que estou prestes e decidida,
semelhante à necessidade!

Ó Sol, ó Sol!... Falta estupenda!
Tu que mascaras o morrer,
sob o azul e o ouro de uma tenda
onde as flores vão se acolher;
em meio a mil delícias baças,
tu, o mais feroz dos meus comparsas,
dos meus ardis o mais perfeito,
aos corações não deixas ver
que este universo é só um defeito
na puridade do Não-Ser!

Ó Sol, que soas as matinas
do ser, e em fogos o acompanhas,
que num fatal sono o arrepanhas
todo pintado de campinas,
fautor de fantasmas risíveis
que prendes às coisas visíveis
a presença obscura da alma,
sempre me agradou a mentira
que tu sobre o absoluto espalhas,
rei das sombras tornado pira!

A mim o teu calor brutal,
onde a minha preguiça gelada
vem devanear sobre algum mal
próprio à minha índole enlaçada...
Este amável lugar me seduz
onde cai a carne e produz!
Aqui meu furor amadura;
e eu o aconselho, e eu o refaço,
e me escuto, e em meio aos meus laços
minha meditação murmura...

Ó Vaidade! Causa primeira,
que domina os Céus e os conduz,
de uma voz que já foi a luz
abrindo o cosmo sem fronteira!
Lasso de Seu puro espetáculo,
o próprio Deus rompeu o obstáculo
de tão perfeita eternidade;
ele se fez O que dispersa
em conseqüências Seu começo,
em estrelas Sua Unidade.

O Céu, Seu erro! E o Tempo, a ruína!
E o abismo animal alargado!
Queda naquilo que origina,
fagulha em vez do puro nada!
Mas o primeiro som do Seu Verbo,
EU!... dos astros o mais soberbo
que disse o louco criador –
eu sou!... Eu serei... E ilumino
esse diminuir divino
dos fogos do grão Sedutor!

Radioso objeto de minha ira,
Tu, que amei de um amor flamante,
e que da geena decidiste
conceder o império a este amante,
nos meus escuros Te remira!
Que ao veres Teu reflexo triste,
troféu do meu espelho negro,
tenhas tão funda comoção,
que sobre a argila o Teu ofego
seja um suspiro de aflição!

Em vão moldaste nessa lama
a prole dos fáceis infantes
que dos Teus atos triunfantes
a eterna louvação proclama!
Tão logo secos – e perfeitos,
são da Serpente já desfeitos,
filhos que o Teu criar produz.
Olá, lhes diz, recém-chegados!
Homens que sois, e andais tão nus,
animais brancos e abençoados!

Odeio-vos, que do execrado
à semelhança fostes feitos,
tal como ao Nome que tem criado
esses prodígios imperfeitos!
Eu sou o agente da mudança,
retoco o peito que se afiança,
de um dedo exato e misterioso!
Transformaremos essas obras
e as evasivas, moles cobras
em répteis negros, furiosos!

Meu intelecto inumerável
toca no humano coração
o instrumento de minha raiva,
que foi feito por Tua mão!
E Tua Paternidade alada,
todo aquele que, na estrelada
câmara ela acolha que a afague,
sempre o excesso dos meus assaltos
lhe traga uns longes sobressaltos
que seus propósitos estrague!

Vou e venho, deslizo, enfronho,
desapareço em peito puro!
Houve jamais seio tão duro
onde não possa entrar um sonho?
Quem quer que sejas, não sou esta
complacência que te requesta
a alma, desde que ela se ame ?
Ao fundo sou de seu favor
este inimitável sabor
que de ti em ti se derrame!

Eva! que eu tenho surpreendido
em seus primeiros pensamentos,
o lábio aos hálitos rendido
que das rosas se evolam lentos.
Quão perfeita me apareceu,
de ouro coberto o flanco seu,
sem temor ao sol nem ao homem;
ofertada aos olhos da brisa,
a alma ainda estúpida, tal como
perplexa ante a carne, indecisa.

Oh, massa de beatitude,
és tão bela, prêmio veraz
para toda a solicitude
das almas boas e das más!
Para que aos lábios teus se prendam,
basta que a um sopro teu se rendam!
Tornam-se piores os mais puros,
logo se ferem os mais duros...
Também a mim teus dons encantam,
de quem vampiros se levantam!

Sim! De meu posto entre a folhagem –
réptil que de ave se fingia –,
enquanto a minha pabulagem
uma armadilha te tecia,
eu te bebi, surda beldade!
Prenhe de encanto e claridade,
eu dominava, sem tremer,
fixo o olho em tua lã dourada,
tua nuca obscura e carregada
dos segredos do teu mover!

Presente estive, qual odor
que a alguma idéia corresponda,
cujo fundo, insidioso negror
não se elucida nem se sonda!
Pois eu te inquietava, ó candura,
carne molemente segura,
sem ter de mim nenhum temor,
a tremer em teu esplendor!
Logo eu te tinha, eu te levava,
e tua nuança variava!

(A soberba simplicidade
demanda infinitos cuidares!
Sua transparência de olhares,
tolice, orgulho, felicidade
guardam bem a bela cidade!
Procuremos criar-lhe azares,
e traga o mais raro artifício
ao peito puro o seu motim.
Eis minha força, o meu ofício,
a mim os meios do meu fim!)

Ora, de uma baba ofuscante
fiemos os suaves assaltos
que façam com que Eva, hesitante,
se envolva em vagos sobressaltos.
Que sob a seda da surpresa
palpite a pele dessa presa,
acostumada ao azul puro!...
Mas de gaze nem uma trama,
nem fio invisível, seguro,
além da que meu estilo trama!

E ditos, língua, redourados,
dá-lhe os mais doces que conheças!
Alusões, fábulas, finezas,
e mil silêncios cinzelados,
emprega tudo o que a seduza:
nada que a não bajule e induza
a se perder nas minhas vias,
dócil aos declives que guiam
para o fundo das azuis bacias
os veios que nos céus se criam.

Oh, quanta prosa sem parelha,
quanto espírito não recoso
e lanço ao dédalo sedoso
dessa maravilhosa orelha!
Penso: lá nada é sem proveito,
tudo importa ao suspenso peito!
O triunfo é certo, se o propor,
da alma espreitando algum tesouro,
como uma abelha a alguma flor,
não deixa mais a orelha de ouro!

“Só o que o meu sopro lhe confere,
a ela, é a própria voz divina!
Uma ciência viva fere
o corpo do fruto maduro!
Não ouças o Ser velho e puro
que a breve mordida abomina!
Que, se a boca se põe a sonhar,
a sede que à seiva se atreva,
esta delícia por chegar,
é a eternidade fundente, Eva!”

Ela bebeu minha mensagem,
que tecia um estranho arranjo;
seu olho perdeu algum anjo
por penetrar minha ramagem.
O mais hábil dos animais
que se ri de seres tão dura,
ou pérfida e cheia de males,
é só uma voz entre a verdura!
– Mas Eva muito séria estava
e sob o galho ela a escutava!

“Alma, eu lhe disse, doce pouso
de tanto êxtase condenado,
não sentes este amor sinuoso
que foi por mim ao Pai roubado?
Tenho esta essência celestial
a fins mais doces do que o mel
reservado tão suavemente...
Apanha o fruto... Oh, que se estenda
a tua mão e, ardentemente,
te faça dele uma oferenda!”

Que silêncio – o bater de um cílio!
Que sopro no peito soçobra,
que a árvore mordeu de sua sombra!
O outro brilhava qual pistilo!
– Silva, silva! – ele me cantava!
E eu sentia fremir as mil
dobras do meu dorso sutil,
saindo então do meu abrigo:
rolaram atrás do berilo
de minha crista, até o perigo!

Ó gênio! Ó comprida impaciência!
Eis chegado o instante em que um passo
em direção à nova Ciência
fluirá de um fino pé descalço.
Aspira o mármore, o ouro enjambra!
Tremem as bases de sombra e âmbar
na véspera do movimento!...
Ela vacila, a grande urna,
de onde emana o consentimento
dessa aparente taciturna!

Do vivo prazer que antegozes,
belo corpo, cede aos apelos!
Que a sede de metamorfoses
em torno da Árvore dos Zelos
engendre a cadeia de poses!
Vem, sem vires! Ensaia passos
vagos, como ao peso de rosas...
Não penses! Dança nos espaços...
Aqui há causas deliciosas
que bastam ao curso das coisas!...

Oh, quanto é infértil a fruição
que me ofereço, com demência:
de ver tão suave compleição,
fremir em desobediência!...
Breve, emanando seu sustento
de sabedoria e ilusões,
toda a Árvore do Conhecimento,
esguedelhada de visões,
no amplo corpo que investe rumo
ao sol, bebe do sonho o sumo.

Grande Árvore, Sombra das Alturas,
irresistível Árvore de árvores,
que os sucos amáveis procuras
na fragilidade dos mármores,
ó tu, que os labirintos cevas
por onde as constrangidas trevas
se percam no marinho lume
da sempiterna madrugada,
doce perda, brisa ou perfume,
ou pomba já predestinada,

Cantor, secreto bebedor
das mais profundas pedrarias,
berço do réptil sonhador
por quem já Eva tresvaria,
grande Ser, pleno de saber,
que sempre, como por mais ver,
ao alto apelo de teu cimo
cedes, e ao ouro puro os braços
estendes, teus esgalhos baços,
de outra parte, cavando o abismo,

Podes o infindo repelir,
feito só de teu crescimento,
e, da tumba ao ninho, sentir
que és inteiro Conhecimento!
Mas este velho amante do impasse,
de uns secos sóis no inútil ouro,
vem em tua copa enroscar-se –
seus olhos fremem teu tesouro!
Frutos de morte, de incerteza,
de desespero ali sopesa!

Bela serpe, suspensa aos céus,
sibilo, com delicadeza,
ofertando à glória de Deus
o triunfo da minha tristeza...
Basta-me, nos ares tranqüilos,
que a ânsia do amargo fruto os filhos
do barro ponha em desvario...
– A sede que te faz tamanha
até ao Ser exalta a estranha

Toda-Potência do Vazio!
.(tradução: Renato Suttana

CHICO BUARQUE DE HOLANDA - MÚSICAS, by Hélio Cambuí


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Escultura Erótica - Dominique Regnier


Autodidata nascido em 1951, Dominique Regnier, francês, foi durante muitos anos fotógrafo de publicidade na indústria automobilística nos arredores de Paris. Retirou-se da carreira e há quase uma década que se dedica de corpo e alma à escultura feminina. Pretende acima de tudo transmitir um erotismo extremo através de materiais incomuns para este tipo de trabalho, prestando especial atenção aos detalhes voluptuosos da mulher.
A sua matéria prima é vária, indo deste o mármore, granito e bronze, até diversas madeiras como a nogueira, freixo, azevinho e ébano. Os seus trabalhos vão para além da utilização de bocados de material solto, recorrendo por vezes a árvores mortas ainda enraizadas e fixas no local final onde ficará a escultura. No seu site, para além de muitas mais imagens, poderão ainda ver a forma como Dominique trabalha, recorrendo por vezes a modelos. A carga erótica das esculturas é inegável e ousada. Clique nas fotografias para ver as versões ampliadas.
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier
escultura erotica Dominique Regnier


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2009/02/escultura_erotica.html#ixzz1LF9wJElz

domingo, 1 de maio de 2011

TODAS AS MULHERES DE CHAPLIN


Considerado por muitos o maior comediante da história do cinema, genial no uso de mímica e na comédia pastelão, o inglês CHARLES CHAPLIN (1889-1977) conquistou milhões de pessoas em todo o mundo com o personagem Carlitos, um vagabundo delicado e andarilho, irreverente e sensível, que possui as maneiras refinadas de um gentleman, andar errático e ar angelical, usando fraque, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, chapéu-coco, bengala e um pequeno bigode. Ele dirigiu, escreveu, atuou, produziu e financiou seus próprios filmes, sendo fortemente influenciado pelo comediante francês Max Linder. Sua vida pública e privada abrangia adulação, controvérsias e escândalos, pouco se assemelhando ao encantador andarilho das telas. Namorador incorrigível e fascinado por mocinhas, ele se orgulhava de ser bem-dotado, chamando seu pênis de “a oitava maravilha do mundo” e se considerava uma máquina sexual, gabando-se de ser capaz de ter cinco ou seis orgasmos seguidos, com apenas alguns minutos de descanso. Galante e volúvel, envolveu-se com dezenas de mulheres. Listo abaixo seus relacionamentos mais famosos.




EDNA PURVIANCE
(1895-1958)

Nos seus primeiros anos em Hollywood, ainda na década de 10, à procura de uma estrela para o seu próprio estúdio, recomendaram a CHAPLIN uma loura de São Francisco. Foi amor à primeira vista. Bastante talentosa, ela estrelou ao todo 35 filmes com ele. No entanto, os dois não foram exatamente fiéis e se separaram, mas continuaram amigos e Edna permaneceu na folha de pagamento do ator até sua morte, vítima de câncer.


MILDRED HARRIS
(1901-1944)

Ele a conheceu numa festa. A garota tinha 14 anos, mas desde os 10 era atriz e já havia aparecido praticamente nua numa cena babilônica de “Intolerância/Intolerance”, de D. W. Griffith. Em 1916, com a sua suposta gravidez, ele se viu obrigado a casar, receoso de ser processado por estupro. Era uma armadilha, Mildred só ficou grávida dele de verdade em 1920, gerando uma criança deformada que morreu três dias após o nascimento. No mesmo ano se separaram, num divórcio marcado por acusações de crueldade e de infidelidade.


PEGGY HOPKINS JOYCE
(1983-1957)

Depois desse primeiro escândalo, CHAPLIN namorou essa experiente milionária, que havia trabalhado no célebre Ziegfeld Follies, conhecida também por seus golpes do baú. Os banhos que tomavam pelados numa praia na ilha Catalina foram noticiados em jornais de todo o mundo. O breve interlúdio amoroso inspirou o comediante em “Uma Mulher de Paris/A Woman of Paris: A Drama of Fate” (1923).



POLA NEGRI
(1894-1987)

CHAPLIN apaixonou-se perdidamente pela vamp polonesa ao conhecê-la em Berlim, em 1921, embora ela ainda não falasse inglês. Ficaram quatro dias “in love”, mas só voltaram a se reencontrar no ano seguinte, em Hollywood. Tornaram-se inseparáveis. Na imprensa o caso entre os dois era divulgado como “o Rei da Comédia seduz a Rainha da Tragédia”. Numa entrevista coletiva, anunciaram o noivado e falaram dos planos para o casamento. Cinco semanas depois, tudo estava acabado. Pola mostrou-se arrasada, declarando: “Ele é muito temperamental e tão instável quanto o vento. Dramatiza tudo. E faz experiências com o amor”. A diva faleceu de pneumonia no seu rancho no Texas.


LITA GREY
(1908-1995)

Aos 35 anos, durante a rodagem de “Em Busca do Ouro/The Gold Rush” (1925), ele seduziu Lita, que tinha apenas 15 anos e interpretava o principal papel feminino do seu filme. A mocinha ficou grávida e novamente ele foi forçado a se casar, em 1924, no México, mesmo tentando de tudo para evitá-lo, desde a sugestão de um aborto a uma oferta de 20 mil dólares. O relacionamento infeliz gerou dois filhos, culminando no divórcio em 1926, com a jovem atriz alegando publicamente que ele havia tentado filmar suas relações sexuais, sugerira uma outra mulher entre eles no leito conjugal e lhe pedira que aceitasse a felação, sendo que o sexo oral era crime na Califórnia. O depoimento cáustico transformou-se num popular panfleto, vendido aos montes, e vários filmes pornográficos foram rodados e exibidos, mostrando sósias de CHARLES CHAPLIN representando os atos que sua esposa descrevera como sugestões dele. Ele teve que desembolsar 650 mil dólares para se livrar dela e seus cabelos ficaram subitamente brancos. Lita morreu vítima de câncer generalizado.


MARION DAVIES
(1897-1961)

Ele supostamente traía Lita com a bela Marion Davies, carismática atriz amante do magnata da imprensa William Randolph Hearst. Nos piores momentos do seu casamento, ele se consolava com ela. No entanto, o casal infiel terminou por protagonizar um tenebroso caso no iate de Hearst, durante uma festa a bordo que resultou no fim trágico do produtor Thomas Ince, assassinado ao ser confundido com o comediante. Hearst encontrou Marion tendo relações sexuais comCHAPLIN, saiu para buscar uma arma, Marion começou a gritar e seu companheiro aproveitou para escapar. Ouvindo o barulho, Ince veio correndo e procurou consolar a atriz. Retornando, Hearst interpretou equivocadamente a situação, atirou e matou Ince. A história foi abafada na mídia, mas correu de boca em boca. Marion faleceu vítima de câncer, deixando uma fortuna estimada em 30 milhões de dólares.


PAULETTE GODDARD
(1910-1990)

Passado os anos, CHAPLIN voltou a se casar, desta vez secretamente, aos 47 anos, em 1936, com uma milionária de 25 anos que estava decidida a ser uma estrela de cinema. Ele a escalou para trabalhar em duas de suas obras-primas, “Tempos Modernos/Modern Times” (1936) e “O Grande Ditador/The Great Dictador” (1940). Depois de alguns anos felizes, este casamento também terminou em divórcio, em 1942, devido aos terríveis ciúmes que ele sentia da juventude e beleza de sua parceira. Pouco antes, havia tentado com afinco conseguir para ela o papel de Scarlett O’Hara em “...E o Vento Levou/Gone with the Wind” (1939). Como não foi a escolhida, concluiu que seu marido era mais um estorvo do que um auxílio e os dois se separaram. Viúva do escritor Erich Maria Remarque, Paulette morreu de enfisema na Suíça, onde vivia.


JOAN BARRY
(1920-1996)

Após a separação, ele deu umas saídas com a star Hedy LaMarr, mas terminou por namorar uma jovem aspirante a atriz, de 22 anos (ele tinha 52). Essa relação terminou quando ela passou a perturbá-lo com ciúmes e perseguições. Depois de alguns abortos e inúmeros abusos, como dançar nua no gramado da casa de CHAPLIN e ameaçá-lo com um revólver, Joan levou o ator a julgamento em 1943. Ele foi preso, fotografado e teve suas impressões digitais registradas. Ela exigia que assumisse a paternidade de seu futuro filho, mas exames de sangue comprovaram que o comediante não era o pai, porém na época, a lei exigia que, por ele ter sido o último parceiro com quem ela apareceu em público, mesmo não sendo o pai biológico, teria que assumir a criança, sendo condenado a pagar uma pensão de cem dólares por semana para a criança por fim registrada com seu sobrenome. Durante o julgamento, o ator afirmou sua virilidade e confirmou sua potência sexual excessiva.


OONA O’NEILL
(1925-1991)

Pouco tempo depois, ainda em 1943, casou-se com Oona, não agradando ao pai dela, o famoso dramaturgo Eugene O’Neill. Ele tinha 55 anos e ela somente 17, mas a enorme diferença de idade não afetou negativamente a união. Foram viver na Suíça e tiveram oito filhos, entre eles a atriz Geraldine. O último nasceu quando CHARLES CHAPLIN já estava na casa dos setenta anos. Este casamento longo e feliz durou até o fim da vida do comediante. “Se tivesse conhecido Oona ou alguém como ela há muito tempo, nunca teria tido tantos problemas com as mulheres”, declarou ele anos mais tarde. Oona faleceu de um câncer no pâncreas.


(Fonte: “A Vida Sexual dos Ídolos de Hollywood”, de Nigel Cawthorne)