quarta-feira, 27 de julho de 2011

Eu não existo sem você by Vinicius de Moraes

Love my Love
Na vida e na arte de Vinicius de Moraes cabem as palavras de Shakespeare: “Mostre-me um homem que não seja escravo de suas paixões”. Um homem simples de sensibilidade altamente acentuada para se envolver de paixão na beleza de uma mulher que passa, talentoso o suficiente para fazer desta paixão letra e música e, assim, apaixonar a todos com sua arte. Uma breve amostra:


Eu não existo sem você
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

segunda-feira, 25 de julho de 2011

SÍNDROME DO FRACASSO, POR LUIZ FLÁVIO GOMES



Uma conquista relevante em nossa vida consiste em aprendermos com nossos insucessos ou fracassos. Não é difícil descobrir, depois deles, onde erramos, qual estratégia não funcionou, o que faltou etc. Tudo isso tem que estar cumputado: faz parte de todo empreendimento (que pode dar certo ou não).
Se não tomamos os devidos cuidados, podemos ser vitimados pela síndrome do fracasso, o que constitui uma atitude bloqueadora de todos nossos futuros projetos. O risco é não querermos mais nenhum outro projeto ou empreendimento, ainda que seja uma extraordinária oportunidade. Mesmo depois do fracasso, não podemos fechar os olhos para novas oportunidades.

O fato, por exemplo, de não alcançarmos sucesso numa prova, num exame, num concurso, não pode ser motivo impeditivo para recomeçar nosso projeto de vitória. Aprender com os erros e olhar para frente. Sempre que verificarmos a mínima possibilidade de triunfo, nosso lado emocional (fracassado) não pode servir de trava para nos arriscarmos. Perder uma batalha na vida (ou muitas) não significa perder a guerra do sucesso. Recomeçar tem que ser sempre gratificante, sem repetir os erros do passado. 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Desde mi libertad, by Ana Belen

Fardagens, by Lena



Hoje me vesti de brisa,
Suave estou e mole por assim dizer.
Há sempre uma veste que amolda o momento.
Não preciso abrir o armário,
as roupas expostas como véu,
estão jorradas nas páginas do dia
e encaixam sem pedir licença.
Olho em volta...
colinas vestidas de verde.
Marrons opacos
não projetam sobre mim sombras,
não maculam minha sobriedade
e nem erguem meus devaneios.
Coração purgado...
não atina o desmereço.
Então essa bonança me assanha,
me envolvo nela como um rodamoinho
em fina flor de cortar respiração.
Sopram-me vertentes do bem.
Mas...por segundos
projeto-me à sombra,
temendo na alvura me ferir.
Sinto o vermute...
e calos deixados por vestes
de outros dias...
Pesadas fardas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

COME TE NON C`E NESSUNO - Rita Pavone

Paisagem noturna - Manuel Bandeira



A sombra imensa, a noite infinita enche o vale...
E lá no fundo vem a voz
Humilde e lamentosa
Dos pássaros da treva. Em nós,
- Em noss'alma criminosa,
O pavor se insinua...


Um carneiro bale.
Ouvem-se pios funerais.
Um como grande e doloroso arquejo
Corta a amplidão que a amplidão continua...
E cadentes, metálicos, pontuais,
Os tanoeiros do brejo,
- Os vigias da noite silenciosa,
Malham nos aguaçais.


Pouco a pouco, porém, a muralha de treva
Vai perdendo a espessura, e em breve se adelgaça
Como um diáfano crepe, atrás do qual se eleve
A sombria massa
Das serranias.


O plenilúnio vai romper...Já da penumbra
Lentamente reslumbra
A paisagem de grandes árvores dormentes.
E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,
Tintas deliquescentes
Mancham para o levante as nuvens langorosas.


Enfim, cheia, serena, pura,
Como uma hóstia de luz erguida no horizonte,
fazendo levantar a fronte
Dos poetas e das almas amorosas,
Dissipando o temor nas consciências medrosas
E frustrando a emboscada a espiar na noite escura,
- A Lua
Assoma à crista da montanha.


Em sua luz se banha
A solidão cheia de vozes que segredam...
Em voluptuoso espreguiçar de forma nua
As névoas enveredam
No vale. São como alvas, longas charpas
Suspensas no ar ao longo das escarpas.
Lembram os rebanhos de carneiros
Quando,
fugindo ao sol a pino,
Buscam oitões, adros hospitaleiros
E lá quedam tranqüilos ruminando...
Assim a névoa azul paira sonhando...
As estrelas sorriem de escutar
As baladas atrozes
Dos sapos.
E o luar úmido...fino...
Amávico...tutelar...
Anima e transfigura a solidão cheia de vozes...

sábado, 2 de julho de 2011

Maria Gadú - Altar particular




Composição : Maria Gadú

Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular
Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal
E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós
Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser
Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer
Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor
Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor


ZEZÉ GONZAGA - INQUIETAÇÃO


Composição: Ary Barroso

Quem se deixou escravizar
E, no abismo, despencar
Por um amor qualquer
Quem, no aceso da paixão
Entregou o coração
À uma mulher
Não soube o mundo compreender
Nem a arte de viver
Nem chegou, mesmo de leve, a perceber
Que o mundo é sonho, fantasia
Desengano, alegria
Sofrimento, ironia
Nas asas brancas da ilusão
Nossa imaginação
Pelo espaço, vai, vai, vai
Sem desconfiar
Que mais tarde cai
Para nunca mais voar

La belle de jour - Alceu Valença

Smile - Charlie Chaplin