Sobre certas perguntas que não devem ser feitas.
É questão de segurança pública
te colocar na frente da televisão
ao fim de sua jornada de trabalho.
Por que devemos nos adequar?
Seguimos a linha de produção da indústria cultural;
Guardarmos opiniões na gaveta do escritório;
Vestimos sorrisos e vomitamos elogios.
Quem dita todas as regras que devemos seguir?
Não somos donos de nossas vontades;
Obedecemos a leis, morais, bons costumes;
Sufocados pelo politicamente correto, aplaudimos hipocrisia.
Quem controla o que devemos consumir?
Não decidimos o que compramos;
Não escolhermos no que acreditar;
Adquirimos liberdade embutida e hermeticamente embalada.
Por que tantas obrigações?
Queremos agradar a todos;
Vendemos nossas vidas por aceitação;
Só somos alguém se estivermos devidamente empregados,
motorizados, vestidos, comprometidos, motivados e calados.
Por que tanta preocupação em nos enlatar?
Por que tanta força para diminuir o volume de nossa voz?
Pense bem, por si mesmo, ao menos uma vez:
De quem é o poder de mudar o mundo?
É nosso.
Como poucos conseguem evitar que isso aconteça?
Fazendo com que você acredite
que o mundo é o que é e seu esforço é inútil.
Será mesmo?
Ou será que nossa voz é a mais eficaz das armas?
Já não é tempo de reaprendermos a usá-la?