sexta-feira, 2 de março de 2012

Seja feita a vossa vontade - Larissa Carmel (obvious)


Sobre certas perguntas que não devem ser feitas.
É questão de segurança pública
te colocar na frente da televisão
ao fim de sua jornada de trabalho.
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Por que devemos nos adequar?
Seguimos a linha de produção da indústria cultural;
Guardarmos opiniões na gaveta do escritório;
Vestimos sorrisos e vomitamos elogios.

Quem dita todas as regras que devemos seguir?
Não somos donos de nossas vontades;
Obedecemos a leis, morais, bons costumes;
Sufocados pelo politicamente correto, aplaudimos hipocrisia.

Quem controla o que devemos consumir?
Não decidimos o que compramos;
Não escolhermos no que acreditar;
Adquirimos liberdade embutida e hermeticamente embalada.

Por que tantas obrigações?
Queremos agradar a todos;
Vendemos nossas vidas por aceitação;
Só somos alguém se estivermos devidamente empregados,
motorizados, vestidos, comprometidos, motivados e calados.

Por que tanta preocupação em nos enlatar?
Por que tanta força para diminuir o volume de nossa voz?
Pense bem, por si mesmo, ao menos uma vez:
De quem é o poder de mudar o mundo?

É nosso.

Como poucos conseguem evitar que isso aconteça?
Fazendo com que você acredite 
que o mundo é o que é e seu esforço é inútil.

Será mesmo?

Ou será que nossa voz é a mais eficaz das armas?
Já não é tempo de reaprendermos a usá-la?

Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/insolito/2012/01/seja-feita-a-vossa-vontade.html#ixzz1nzs64o3I

E é só isto > Misty - Porto -Viseu - Portugal


Não sei se deva escrever mais do que já sei que nós sabemos e já toda a gente sabe, como uma espécie de verdade universal. Não sei se deva dizer que tenho medo, que as imagens do passado me fazem comichão na nuca, e que os outros por vezes me irritam quando opinam demasiado, e eu sei que eles não têm razão, mas há alturas em que estamos mais cansados e toda a razão se dissipa para trás das paredes, e eu começo a perder o fio das conversas alheias, e não me apercebo que é tudo mais um equívoco. Eu sei, eu não devia ouvir o que não interessa, e faço um esforço por ignorar, mas às vezes as frases ficam a ecoar convulsivamente até se esconderem nos cantos do quarto, e só me apetece agir da forma mais palerma e grotesca, para que os outros tenham enfim razões para falar. É, eu podia ser assim, como os outros querem. Mas não sou.

Porque se calhar os outros não querem que eu te queira assim, como quem quer Pearl Jam e céu de primavera, a escrever textos que toda a gente sabe que são para ti, onde eu digo que há muito tempo atrás eu já não acreditava em muita coisa simples e já tinha deixado de procurar no meio das pessoas, mas afinal se calhar o amor existe mesmo e é maior do que as pessoas falam, e não são as palavras que o chamam em voz alta, é qualquer coisa para além disso, que eu não sei muito bem explicar, só sei que está a bater aqui dentro com muita força e eu já sei que nome lhe vou dar. O teu.

Zigeunerweisen op.20 By Pablo de Sarasate