sábado, 18 de maio de 2013

Delírios - Tamiris Maróstica - Mallamargens




De palavras tantas, me basto. De olhares outros, julgamentos teus e repreensões deles, bastam as já existentes. Em discernimentos cá-lá-d’onde mais houver, chega, não há mais espaço para repetições, para hábitos cinestésicos de outrora e modelos emocionais vencidos. Chega! Bastam todos os rótulos apodrecidos. Sirva-me um café sem cafeína, sem açúcar, sem a temperatura quente e sem a coloração característica, isso sim me bastará.


O céu que hoje se constitui é de um azul-desconhecido, tão vivo e tão cheio de vida que é como se toda a vida em vivência estivesse com ele, longe, e aqui na terra já não houvesse mais nada que se pudesse poetizar em maior beleza que a composição deste céu. Confio meu olhar a ele, junto das minhas pequenas viagens cerebrais e também daquelas vazias de imagens racionais. Mas sou dele, queria ser dele, escorrer em nuvens translúcidas e borradas, sem nada, apenas seguindo a espiral que não demonstra fim nem finitudes.


Lá vem as gaivotas, todas tão esbeltas e de um perfil ereto e atento. Mas hoje não vai chover e sequer estamos na praia para vê-las correr em desespero prevendo manifestações aguais futuras. Estamos em um lugar cinzento, vazio e desabitado, que dispõe apenas de um teto azul distante. Mas lá se vai o sol e o pôr-dele, assim como as gaivotas em debandada.


We Three Kings Of Orient Are : Kings College, Cambridge


A. VIVALDI, Six Flute Concertos Op.10, Academy of Ancient Music