quinta-feira, 25 de outubro de 2012

À espera do outono - Luciana Cascardo


Há uma fenda aberta neste coração doente
Que o faz definhar como um Sol poente
Vagarosamente, dolorosamente ...
Há pedaços espalhados para todos os lados
Busco constantemente minh' alma em meio aos resquícios
Perdida , abandonada , fria ...
Não há um sonho de amor que inebria
Esse triste ser , solitário,descrente , ferido
São tantos os fardos cruéis que o têm coagido
Que ele perdeu sua essência com o vento a carregar poeira
Talvez não haja mais ser no mundo que ainda o queira
Esse buraco negro que espatifa o âmago
Reverte sonhos em pesadelos
Embrulha o estomago
Ah se houvesse meio de desfazê-lo !
Tantos males , tantas decepções ...
Um coração que pulsava entra em coma outra vez
Onde um inverno sombrio engole os verões
E primaveras que o floriram em um conto de "Era uma vez"
A esperança fraca se encontra lá ...
Quando as primeiras folhas de outono caírem
O coração sequelado esperando ficará
Seus males e traumas partirem .
Junto as folhas secas jazidas no chão
O amor antigo finado permanecerá e então
Um novo há de surgir para a salvação
De um já tão machucado e amargurado coração.
Se ainda acredito que esse outono é a cura da alma
Ainda tenho forças para manter a fraca calma
O fim há de chegar sem me derrubar tão bruscamente
E coragem terei para seguir em frente.
Este desfecho que tarda já é tão evidente ...
Ah, minha estação da cura, devo esperar a tua chegada
Sei que um dia , quando tu partires, haverá outra primavera amada.
Ah coração , talvez não estejas tão mal quanto pareças.
Uma vez magoado , com essa ferida estás acostumado
Logo, é só permitir que não te esqueças
Que qualquer fardo pode e será superado .
O outono , sim ... O outono virá ampará-lo !

As palavras - Eugènio de Andrade - Portugal




São como cristal, as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes, leves.
Tecidas são de luz e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
.
Eugénio de Andrade

em Poesia e Prosa

Mahler: Symphony No.3 - Jansons/BRSO(2010Live)


Alison Balsom - Badinerie from Orchestral Suite No2 BWV 1067


Tine Thing Helseth & The Tine Thing Helseth Quintet