domingo, 10 de abril de 2011

Estrada Nova - Oswaldo Montenegro


Quando páro e penso em como a vida se encarrega de afastar as pessoas bate um desânimo... Mas ao mesmo tempo, é muito gostoso quando ela promove determinados reencontros... É como se o universo conspirasse a nosso favor!
(Oswaldo Montenegro)


Eu conheço o medo de ir embora
Não saber o que fazer com a mão
Gritar pro mundo e saber
Que o mundo não presta atenção
Eu conheço o medo de ir embora
Embora não pareça, a dor vai passar
Lembra se puder
Se não der, esqueça
De algum jeito vai passar
O sol já nasceu na estrada nova
E mesmo que eu impeça, ele vai brilhar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar
Eu conheço o medo de ir embora
O futuro agarra a sua mão
Será que é o trem que passou
Ou passou quem fica na estação?
Eu conheço o medo de ir embora
E nada que interessa se pode guardar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar.

Tesoura do Desejo - Alceu Valença


Você atravessando aquela rua vestida de negro
E eu lhe esperando em frente a um certo bar, Leblon
Você se aproximando e eu morrendo de medo
Ali, bem mesmo em frente a um certo bar, Leblon
Quando eu atravessava aquela rua, morria de medo
De ver o teu sorriso e começar um velho sonho bom
E o sonho fatalmente viraria pesadelo
Ali, bem mesmo em frente a um certo bar, Leblon
- Vamos entrar...
- Não tenho tempo!
- O que é que houve?
- O que é que há?
- O que é que houve, meu amor, você cortou os seus cabelos?
- Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar

Zoologia Marinha - by Nuno Júdice






Outras coisas são mais simples do que
pensamos, quando as definimos entre o
que são e o que não sabemos delas.
O cão perdido no areal pode ser uma dessas
coisas, quando transforma as ondas na
sua matilha, e elas vão atrás dele.
Como se as ondas fossem animais,
e o mar respirasse pelas suas bocas
quando perseguem o cão que as espera


Cúmplices - Mafalda Veiga

A noite vem às vezes tão perdida
e quase nada parece bater certo
há qualquer coisa em nos inquieta e ferida
e tudo que era fundo fica perto

nem sempre o chão da alma é seguro
nem sempre o tempo cura qualquer dor
e o sabor a fim da mar que vem do escuro
é tantas vezes o que resta do calor

se fosse a tua pela
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

trocamos as palavras mais escondidas
e só a noite arranca sem doer
seremos cúmplices o resto da vida
ou talvez só até amanhecer

fica tão fácil entregar a alma
a quem nos traga um sopro do deserto
olhar onde a distância nunca acalma
esperando o que vier de peito aberto

se fosse a tua pela
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

se fosse a tua pela
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho