«Perguntou-me o que é que eu escrevia nos livros. Respondi-lhe que me escrevia a mim. Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridículas: amor, esperança, estrelas, e nas palavras mais belas: claridade, pureza, céu. Transformo-me todo em palavras.» José Luis Peixoto
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Ciência ínfima - Antero de Quental
Onde o grande caminho soberano
Da Ciência que abriu a nova era,
Investigando a entranha da monera,
A desvendar-se no capricho insano?
Ciência que se elevou à estratosfera
E devassou os fundos do oceano,
Fomentando o princípio desumano
Da ambição onde a força prolifera...
Ciência de ostentação, arma de efeito,
Longe da Luz, da Paz e do Direito,
Num caminho infeliz, sombrio e inverso;
Sob o alarme guerreiro, formidando,
Eis que a Terra te acusa, soluçando,
Como a Grande Mendiga do Universo!...
Antero de Quental, que nasceu na ilha de São Miguel, nos Açores, em 1842, e desencarnou em 1891, é vulto eminente e destacado nas letras portuguesas, em que se caracterizou por seu espírito filosófico. O soneto acima, psicografado por Francisco Cândido Xavier, integra o Parnaso de Além Túmulo, obra publicada pela FEB em julho de 1932.
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