terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Nós dois > Tadeu Franco, postado em Feira

Definição de filho > José Saramago, postado em Feira

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Pensar é estar vivo > Des. José Luiz Oliveira de Almeida - TJ/MA, postado em Feira




O alemão, ao noticiar a morte de Fernand, esperou que Rachel recebesse a notícia com lágrimas, gritos e palavrões. Qual não foi a sua decepção quando se limitou a dizer: “Não acredito que Fernand não pense mais!”.

Da reação de Rachel Zalkinof pode-se inferir que há pessoas, em face de sua racionalidade, que são capazes de construir frases de enorme significado para humanidade – mesmo diante de uma situação absolutamente adversa.

À luz da verdadeira dimensão da exclamação de Rachel, pode-se afirmar, sem reinventar a roda, que o que de mais grave se pode impingir ao ser humano é, verdadeiramente, impedi-lo de pensar. E só se pode impedir alguém de continuar pensando, definitivamente, tirando-lhe a vida. É que, com a morte, nem Fernand, e nem ninguém, pode pensar. 

Reafirmo, nessa senda, que quem em vida não é capaz de pensar – e existem muitos, não tenho dúvidas – , não sabe o que é viver. Aliás, não vive: vegeta!

É que o homem, sem pensar, sem refletir sobre as coisas do mundo, é um nada! É pura matéria! É coisa nenhuma! É bicho bruto! É a corporificação do irrelevante! É um amontoado de carne e osso, sem nenhuma importância! 

Pensar é a certeza da existência racional.

É essa racionalidade que nos distinguem dos demais animais que há sobre a terra.

Se pensamos, é porque temos consciência.

Se temos consciência do que pensamos, é porque existimos, verdadeiramente. Quem pensa tem consciência de si mesmo.

Quem pensa pode questionar, pode duvidar, pode argumentar, pode criar, pode fazer e acontecer.

Quando deixamos de pensar é porque já não existimos.

Quando, ao reverso, nos damos conta de que estamos pensando, estamos reafirmando a nossa existência. 

Pensar é poder se opor, é poder contestar, é poder se afirmar, estabelecer a contradita, externar a simpatia, a antipatia, o preconceito, aderir, combater, se contrapor, enfrentar o inimigo, etc.

Pensar, ainda que de forma equivocada, esquecer do que disse em face do que pensou, repetir as mesmas coisas algumas vezes, é, simplesmente, viver.

E viver, não se há de negar, é, muitas vezes, pura contradição mesmo. 

O pensamento que me faz rir é o mesmo que pode fazer chorar o semelhante.

O pensamento que me ergue, que me faz voar, que me conduz a caminhos nunca dantes trilhados, é o mesmo que pode levar o meu semelhante à pura prostração.

Mas isso é viver!

E pensar é viver!

É crer!

É ver e discernir.

Depois de tudo que foi exposto nestas reflexões, fruto de minha capacidade de pensar – de forma equivocada, não raro, devo admitir -, o leitor, irreverente, pode concluir, até, que tudo que pensei não passa de uma bobagem de quem tem a mente desocupada.

Mas ninguém pode negar que, mesmo para dizer asneira e para criticar quem a exterioriza, é preciso estar vivo.

E que bom que estamos vivos: eu e o leitor. O articulista para dizer bobagens e o leitor, para criticá-las.

Para reafirmar e ilustrar o que acima expendi, lembro das palavras de Victor Hugo, escritor e poeta francês de grande atuação política em seu país, para quem “O pensamento é mais que um direito; é o próprio alento do homem.”

Na mesma senda as reflexões de Emilio Castelar y Ripoll, Político e escritor espanhol, penúltimo presidente da Primeira República Espanhola, para o qual, “Pensar é viver; o pensamento tudo abrange, tudo contém, tudo explica.”

Na mesma direção a célebre “Cogito, ergo sum”, de René Descartes, que, nada mais, nada menos, numa análise mais do que simplista e superficial, significa dizer: penso, logo tenho consciência de mim mesmo, logo sei de algo, de alguma coisa – sei da vida. Existo, enfim.

De tudo o que expus, despretensiosamente, devo reafirmar o óbvio: para pensar é preciso estar vivo.

Todavia, estar vivo e não ser capaz de pensar, não ser capaz de nada edificar, a partir de um pensamento racional, é o mesmo que não ter existência.

Enquanto houver sol > Titãs, postado em Feira


Nando Reis > N, postado em Feira

Cristina Branco > Fado, postado em Feira

Ana Moura "Os Buzios" > postado em Feira

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

J. S. Bach - Gloria in Excelsis Deo (Messe h-moll)

A um ausente > Carlos Drummond de Andrade





Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Rita Hayworth > Moon River > para você que visita este blog...

Smile > Nat King Cole

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Verdadeiro Amor > Já respiro aliviadamente.....

Lá onde nasce o verdadeiro amor, morre o 'eu', esse tenebroso déspota. Tu o deixas expirar no negro da noite, e livre respiras à luz da manha (Rumi)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Partida > Graaaaaças!


E o comboio continua em andamento…
Gosto pouco de paragens frequentes – quebram o ritmo e, até, a paisagem. Mas, amanhã, vou sair na próxima estação. Não sei o que me espera e foi isso que me fez parar. A viagem é minha e só minha, mas gosto da tua companhia. Vai ficando; eu não me importo. Quando partires, mando-te postais.

Il giardino armonico > dir. Giovanni Antonini

(FERGIE) BIG GIRLS DON'T CRY > é isso ai!

Jason Mraz & Colbie Caillat - Lucky - Tudo de bom...

Jason Mraz - I Won't Give Up - Muita paz!

Jason Mraz - I'm Yours (Live On Earth Single Video)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Kitaro > Celtic Harp and Pan Flute - Rain & Thunder

Loreena McKennitt > Dark Night of The Soul Medium

Noite negra da Alma

Sobre uma noite escura
A chama do amor estava queimando em meu peito
E como uma lanterna brilhante
Eu fugi de minha casa enquanto todos dormiam

Ocultada pela noite
E pela escada secreta eu rapidamente fugi
O véu escondia meus olhos
Enquanto tudo dentro dormia quieto como a morte

Refrão
Oh noite, és minha guia
Da noite mais amada do que o sol
Oh noite que une o amante
Com aquela que ama
Transformando um no outro

Sobre esta noite mística
Em segredo, além da visão mortal
Sem guia ou luz
Que queimava tão profundo em meu coração
Aquele fogo me guia
E se mostra tão brilhante quanto o sol do meio-dia
Para onde ele ainda espera
Era um lugar onde ninguém poderia chegar

Refrão

Dentro do meu coração batendo
Que se mantém inteiramente para ele
Ele dormiu
Embaixo dos cedros, todo meu amor que eu dei
Das paredes seguras
O vento colocaria seu cabelo contra sua sobrancelha
E com sua mão lisa
Acariciado cada sensação minha que permitiria

Refrão

Eu me perdi para ele
E coloquei minha face no peito de meu amante
E o cuidado e o pesar cresceram escuros
Como a névoa de manhã se tornou a luz
Lá eles entre os lírios claros
Lá eles entre os lírios claros
Lá eles entre os lírios claros.

Loreena McKennitt - Santiago (Dancing Gypsy).

Loreena McKennitt > Greensleeves - Muita Paz!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Enigma-Sensual Mix (1) > sem palavras...

Love in Spain - Ypey (Café Del Mar) -

"Rabbia E Tarantella" by Ennio Morricone

MALAGUEÑA SALEROSA - CHINGÓN

Malaguena By Placido Domingo

Yves Bonnefoy > Poemas e Poesias


A poesia de Yves Bonnefoy é marcada por uma busca, sem trégua nem concessões, do "vrai lieu" (lugar verdadeiro) - esperança, sempre a preceder a palavra -, da unidade a ser reencontrada. Aceitação do limite, da finitude e da morte que conduz ao encontro, na outra margem, das coisas simples em que revive a manifestação do ser: a moradia, a luz, o fogo, a pedra, a folhagem, a neve, o amor.

Sua obra poética já foi traduzida para mais de vinte idiomas e é reconhecida pela crítica como comparável ao que de melhor se produziu na França em todos os tempos.

(comentário do livro Obra Poética com tradução 
e organização de Mário Laranjeira publicado pela 

A Abelha, a cor.

Cinco horas.
O sono é leve, em manchas na vidraça.
O dia vai buscar na cor a água fresca,
Cascateante, da noite.

E é como se a água se simplificasse
Sendo luz ainda mais, que tranqüiliza,
Mas, o Um rasgando-se na perna escura, vais
Perder-te onde bebeu a boca na acre morte.

(A cornucópia com o fruto rubro
Ao sol que vai girando. E o barulho todo
De abelhas dessa impura e doce eternidade
No tão próximo prado ainda tão ardente).

A FALA DA NOITE

O país do princípio de outubro só tinha
Frutas a se rasgar no chão, seus passarinhos
Chegavam a soltar gritos de ausência e pedra
No alto flanco curvado vindo rumo a nós.

Minha fala da noite,
Çomo uva de um outono tardio tens frio,
Mas o vinho já queima em tua alma e eu encontro
Meu só real calor: teu verbo fundador.

A nave de um findar de outubro, claro, pode
Vir. Saberemos misturar as duas luzes,
Ó minha nave iluminada em mar errante.

Clarão de noite perto e clarão de palavra,
— Bruma que subirá de toda coisa viva
E tu. meu rubescer de Limpada na morte.

O GAVIÃO

Já faz muitos, muitos anos,
Em V.,
Vimos o tempo vir diante de nós
Que estávamos a olhar pela janela aberta
Do quarto acima da capela.
Era um gavião
Voltando ao ninho no oco da parede.
Segurava no bico uma serpente morta.
Quando nos viu
Deu um grito de cólera e de angústia pura
Mas sem largar a presa e, imóvel
Na luminosidade da alva,
Formou com ela o próprio signo
Do princípio, do meio e do fim.

E havia ali
No país de verão, bem rente ao céu.
Muitos vasos, cerrados; e de cada um
Erguia-se uma chama; e cada chama
Tinha uma cor outra, que soava,
Vapor ou sonho, ou mundo, sob a estrela
Dir-se-ia uma faina de almas, esperadas
Num trapiche na ponta de urna ilha.

Pensava estar ouvindo palavras, ou quase
(Quase, seja por falta ou por excesso
Da enferma potência da linguagem),
Passar, como se fosse um tremer do calor
No ar fosforescente que fazia unia
De todas essas cores de que algumas
Me pareciam, longe, ser desconhecidas.

Eu as tocava, elas não queimavam.
Eu estendia a mão, não, não pegava nada
Desses cachos de fruta outra que a luz.

O POÇO

Escutas a corrente a bater na parede
Quando o balde desce no poço que é a outra estrela.
Vésper às vezes, solitária estrela,
Fogo sem raio as vezes a esperar à alva
Que saiam o pastor e suas reses.

Mas sempre a água está presa, no fundo do poço.
A estrela fica sempre ali selada.
É possível ver sombras, sob os galhos.
São viajantes que de noite passam

Curvados, carregando às costas massa negra,
Hesitantes, diria, numa encruzilhada.
Uns parecem que esperam, outros se apagam
No faiscar que vai sem luz.

A viagem do homem, da mulher é longa, mais longa do que a vida,
É uma estrada no fim do caminho, um céu
Que se pensou ter visto brilhar entre as árvores.
Quando o balde toca a água, que o levanta,
É uma alegria, então a corrente o esmaga.

A NEVE

Ela chegou de bem mais longe que as estradas,
Ela tocou o campo, o ocre das flores,
Com essa mão que escreve com fumaça.
Ela ao tempo venceu pelo silêncio.

A luz é mais intensa nesta tarde
Devido à neve.
Parece até que as folhas ardem, frente à porta,
E a lenha recolhida está com água.

UMA PEDRA

Tenho sempre fome desse
Lugar que nos foi espelho,
Das frutas curvadas dentro
De sua água, luz que salva,

E gravarei sobre a pedra
Lembrança de que brilhou
Um círculo, fogo ermo.
Acima é rápido o céu

Como ao voto a pedra é fechada.
Que buscávamos? Talvez
Nada, a paixão só é sonho.
Nada pedem suas mãos.

E de quem amou uma imagem,
Por mais que o olhar deseje,
Fica a voz sempre partida,
É a palavra toda cinzas.


(tradução: Mário Laranjeira)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Vivaldi: Concerto for 2 violins Op 3 Nº 8 RV 522 – Europa Galante – Fabio Biondi, dirección

"Roxanne's Veil" - Vangelis & Vanessa Mae

"Ramona" - André Rieu

Victory - Andre Rieu & BOND

The Corrs - Dreams [Official Video]

Tengo miedo > Ana Belen


Se cruzaron los deseos,
del amor y del poder,
Las heridas con las ganas de querer,
Y en el aire las verdades dibujaron soledades,
Lo que fue y lo que pudo ser.

Tengo miedo si te acercas,
Tengo miedo si no estás,
Tengo miedo si te quedas,
Tengo miedo si te vas.
Miedo si no esperas, si me quedo atrás.

Se cruzaron los deseos, las verdades y secretos,
El recuerdo con las ganas de olvidar,
Y de todas las guaridas elegimos las mentiras,
Los finales con las ganas de empezar.

Tengo miedo si te acercas,
Tengo miedo si no estás,
Tengo miedo si te quedas,
Tengo miedo si te vas.
Miedo si no esperas, si me quedo atrás.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Amy Winehouse > 'You Know I'm No Good'

AMY WINEHOUSE R.I.P. House Of The Rising Sun Rick Derringer Danny Johnson

te 

Elgar > Triumphal March

Zadok the Priest > Choir of Westminster Abbey

Alison Balsom - Rondo alla turca (Turski rondo)

Alison Balsom - Italian Concertos

Handel - Concerto

"TUDO PASSA" (Emmanuel)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Espírito Desfaz a Ordem das Coisas > Robert de Musil


O espírito aprendeu que a beleza nos faz bons, maus, estúpidos ou sedutores. Disseca uma ovelha e um penitente e encontra em ambos humildade e paciência. Analisa uma substância e descobre que, tomada em grandes quantidades, pode ser um veneno, e em pequenas doses, um excitante. Sabe que a mucosa dos lábios tem afinidades com a do intestino, mas também sabe que a humildade desses lábios tem afinidades com a humildade de tudo o que é sagrado. O espírito desfaz a ordem das coisas, dissolve-as e volta a recompô-las de forma diferente. O bem e o mal, o que está em cima e o que está em baixo não são para ele noções de um relativismo céptico, mas termos de uma função, valores que dependem do contexto em que se encontram. Os séculos ensinaram-lhe que os vícios se podem transformar em virtudes e as virtudes em vícios, e conclui que, no essencial, só por inépcia se não consegue fazer de um criminoso um homem útil no tempo de uma vida. Não reconhece nada como lícito ou ilícito, porque tudo pode ter uma qualidade graças à qual um dia participará de um novo e grande sistema. Odeia secretamente como a morte tudo aquilo que se apresenta como se fosse definitivo, os grandes ideais, as grandes leis e a sua pequena marca fossilizada, o carácter acomodado. Nada para ele é fixo, nenhum eu, nenhuma ordem; como os nossos conhecimentos podem mudar todos os dias, não acredita em vínculos, e tudo tem o valor que tem até ao próximo acto da criação, como um rosto para o qual falamos enquanto ele se vai transformando com as palavras. O espírito é, assim, o grande artista da contingência, mas ele próprio não se deixa apanhar, e quase somos levados a crer que a ruína é a única coisa que resta da sua acção. Todo o progresso é um ganho no particular e um desmembramento no todo; é um aumento de poder que desemboca num progressivo aumento de impotência, e contra isto não há nada a fazer.

in "O Homem sem qualidade".

House Of The Rising Sun > Bob Dylan


Joan Baez - Diamonds and Rust (original)



I'll be damned 
Here comes your ghost again 
But that's not unusual 
It's just that the moon is full 
And you happened to call 
And here I sit 
Hand on the telephone 
Hearing a voice I'd known 
A couple of light years ago 
Heading straight for a fall 

As I remember your eyes 
Were bluer than robin's eggs 
My poetry was lousy you said 
Where are you calling from? 
A booth in the midwest 
Ten years ago 
I bought you some cufflinks 
You brought me something 
We both know what memories can bring 
They bring diamonds and rust 

Well you burst on the scene 
Already a legend 
The unwashed phenomenon 
The original vagabond 
You strayed into my arms 
And there you stayed 
Temporarily lost at sea 
The Madonna was yours for free 
Yes the girl on the half-shell 
Would keep you unharmed 

Now I see you standing 
With brown leaves falling around 
And snow in your hair 
Now you're smiling out the window 
Of that crummy hotel 
Over Washington Square 
Our breath comes out white clouds 
Mingles and hangs in the air 
Speaking strictly for me 
We both could have died then and there 

Now you're telling me 
You're not nostalgic 
Then give me another word for it 
You who are so good with words 
And at keeping things vague 
Because I need some of that vagueness now 
It's all come back too clearly 
Yes I loved you dearly 
And if you're offering me diamonds and rust 
I've already paid 


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Os amantes com casa > Joaquim Pessoa - Portugal



Andavam pela casa amando-se 
no chão e contra as paredes. 
Respiravam exaustos como se tivessem 
nascido da terra 
de dentro das sementeiras. 
Beijavam-se magoados 
até se magoarem mais. 
Um no outro eram prisioneiros um do outro 
e livres libertavam-se 
para a vida e para o amor. 
Vivendo a própria morte 
voltavam a andar pela casa amando-se 
no chão e contra as paredes. 
Então era a música, como se 
cada corpo atravessasse o outro corpo 
e recebesse dele nova presença, agora 
serena e mais pobre mas avidamente rica 
por essa pobreza. 
A nudez corria-lhes pelas mãos 
e chegava aonde tudo é branco e firme. 
Aquele fogo de carne 
era a carne do amor, 
era o fogo do amor, 
o fogo de arder amando-se e por toda a casa, 
contra as paredes, no chão. 
Se mais não pressentissem bastaria 
aquela linguagem de falar tocando-se 
como dormem as aves. 
E os olhos gastos 
por amor de olhar, 
por olhar o amor. 
E no chão 
contra as paredes se amaram e 
pela casa andavam como 
se dentro das sementeiras respirassem. 
Prisioneiros libertados, um 
no outro eram livres 
e para a vida e para o amor se beijaram 
magoando-se mais, até ficarem magoados. 
E uma presença rica, 
agora nova e mais serena, 
avidamente recebeu a música que atravessou de 
um corpo a outro corpo 
chegando às mãos 
onde toda a nudez é branca e firme. 
Com uma carne de fogo, 
incarnando o amor, 
incarnando o fogo, 
contra o chão das paredes se amaram 
pressentindo que 
andando pela casa bastaria tocarem-se 
para ficarem dormindo 
como acordam as aves. 

Joaquim Pessoa, in 'Inéditos'

Soneto do desmantelo azul > Carlos Pena Filho

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.




COUTINHO, Ediberto. Os melhores poemas de Carlos Pena Filho. 4a ed. São Paulo: Ed. Global, 2000.

Il Divo - Adagio

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A soberba: a raiz de todos os pecados - by Rejane Borges



representação dos 7 pecados capitais



Um dos maiores inimigos do homem é inerente a ele, é seu instinto. Condenado pelos sistemas religioso e secular, é vista como uma atitude infausta, uma eficiente pedra de tropeço e a própria condenação espiritual do homem: a soberba.

Somos soberbos e não nos damos conta, ou nunca admitimos. À luz da Bíblia estamos todos contaminados pelo orgulho. De acordo com o escritor italiano Dante Alighieri, em sua obra "A Divina Comédia", os orgulhosos estão no ponto mais distante de Deus. Culturas antigas como a greco-romana, desde os primórdios dos tempos, considera o orgulho uma doença da alma. O tempo passou, mas o orgulho do homem permanece nele. Somos, por excelência, aqueles cheios de si. E junto de toda essa nossa empáfia existencial, carregamos outros males intrínsecos a ela. É por esta soberba que nos corrompemos com mentiras, enganações, invejas, obsessões – violando não somente o bom sendo e justiça na convicência dentro da sociedade, mas também os mandamentos de Deus, segundo a doutrina cristã. O impacto da soberba no mundo pode ser verificado em toda a história da humanidade, desde muito antes de Cristo, passando por iniquidades e negligências sociais, Segunda Grande Guerra, até os dias de hoje. 

De acordo com o cristianismo, a humildade de espírito é uma virtude que é a base para toda ação e argumento. Tal admoestação contra a soberba é encontrada em toda a Bíblia, de Gêneses a Apocalipse, e intensamente condenada. Em Provérbios está escrito: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”. A 1ª Epístola de João adverte que a soberba da vida é semente de todo o pecado. Na visão cristã, a soberba faz com que o homem busque incessantemente a própria satisfação, sem nenhum temor ou discernimento, numa filosofia de vida humanista e autossuficiente – a qual valoriza o homem que independe da misericórdia e graça de Deus. É a criação que veio do pó, vangloriando-se perante o seu Criador. 

A censura à soberba sempre teve um lugar de destaque nas doutrinas das Igrejas que professam a fé cristã. Tanto a Católica quanto a Protestante, assim como as NeoPentecostais. No entanto, foi a Igreja Católica que a colocou no alto de uma lista que chamou de “os pecados capitais”, os passíveis de condenação. Entrementes, esta lista não consta na Bíblia como “pecados capitais”. Sabe-se que surgiu por volta do ano 375 e foi atribuída a um monge grego, Evágrio Pôntico. Ele teria listado o que considerava oito doenças espirituais. Mais tarde, no ano 590, o Papa Gregório I incorporou a lista à doutrina católica, sob o título de “Os Pecados Capitais”, além de reduzi-la para sete. Mas no século XVII, São Tomás de Aquino a modificou novamente, de acordo com o que considerava mais grave, deixando-a como conhecemos hoje: Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça e Soberba (ou Vaidade). 


No topo da lista católica – que dividiu os pecados em dois grupos – para muitos teólogos e estudiosos das Escrituras, está a soberba como sendo o pilar de toda a transgressão do homem. Isso porque a soberba é considerada como o pecado original, uma vez que existia muito antes do homem e da criação. Uma linha teórica cristã acredita que Satanás, o anjo caído, se corrompeu em soberba. O livro de Isaías, por exemplo, relata a queda do anjo “Derrubada está na cova a tua soberba (...) serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo abismo”. No entanto, alguns teólogos rejeitam essas passagens bíblicas por não acreditarem que se referem a tal fato. E por isso, para eles, a soberba surgiu com o homem. 

Além do cristianismo, o judaísmo e o islamismo também atribuíram à soberba vários conceitos como semente do mal, destruidora dos homens, maldição e queda do espírito, ruína e crimes da alma, praga maldita, paixões da carne, etc. No poema de Dante Alighieri, “A Divina Comédia” – o purgatório principal é composto por sete círculos, os quais representam os sete pecados capitais. No primeiro círculo encontram-se os “orgulhosos” (ou os soberbos), e o aponta como o que mais se distancia de Deus, já que ali se encontra o alicerce para uma vida de pecado. A penitência para eles é o exercício da humildade. A soberba é manifestada em nós o tempo todo. E faz sentido quando pensamos em nosso egocentrismo, ou em nossa vaidade e ambição exasperada, ou em nossa necessidade de grandeza e valorização. E em como batemos orgulhosos no peito bradando o próprio nome, com espírito altivo. Somos melhores que todos os outros, merecemos mais. Exigimos respeito, exigimos reconhecimento, queremos poder, queremos status, queremos atenção para o que consideramos ser a mais maravilhosa criação dos céus: nós mesmos. Triste verdade para nós, grave pecado segundo o cristianismo. Pura soberba. Tudo vaidade – como já dizia o sábio Rei Salomão. Contudo, temos já garantido um canto no primeiro círculo de Dante.

Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/01/a_soberba_-_a_raiz_de_todos_os_pecados.html#ixzz1jBjgakll

Loreena McKennitt - Marrakesh Night Market

Dulce Pontes - Povo Que Lavas no Rio -

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cuca Roseta "Quem És Tu Afinal"

O teu riso - Pablo Neruda (Maria)


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Concierto de Aranjuez - John Williams

What a wonderful world - Louis Armstrong

sábado, 7 de janeiro de 2012

Maria Bethânia " SEGUE O TEU DESTINO "

Bethânia - Poema Azul para Maria (Love)

O Carinho Impossível - Manuel Bandeira

Florbela Espanca - Poesias

Corona - Paul Celan



Da mão o outono me come sua folha: somos amigos. 
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar: 
o tempo retorna à casca.

No espelho é domingo, 
no sonho se dorme, 
a boca não mente. 

Meu olho desce ao sexo da amada: 
olhamo-nos, 
dizemo-nos o obscuro, 
amamo-nos como ópio e memória, 
dormimos como vinho nas conchas, 
como o mar no raio sangrento da lua.

Entrelaçados à janela, olham-nos da rua: 
já é tempo de saber! 
Tempo da pedra dispor-se a florescer, 
de um coração palpitar pelo inquieto,

É tempo do tempo ser.. É tempo.

(tradução: Flávio Klothe)

Emmerson Nogueira Follow You Follow Me Vídeo Oficial

Emmerson Nogueira - Forever Young

Island Of Wonder - Nelly Furtado Feat Caetano Veloso

Händel: Music for the Royal Fireworks (I)