quarta-feira, 30 de março de 2011

Tempo Fluvial - Nuno Júdice


Se eu definisse o tempo como um rio, a comparação levar-me-ia a tirar-te de dentro da sua água, e a inventar-te uma casa. Poria uma escada encostada à parede, e sentar-te-ias num dos seus degraus, lendo o livro da vida. Dir-te-ia: «Não te apresses: também a água deste rio é vagarosa, como o tempo que os teus dedos suspendem, antes de virar cada página.» Passam as nuvens no céu;  nascem e morrem as flores do campo;  partem e regressam as aves; e tu lês o livro, como se o tempo tivesse parado,  e o rio não corresse pelos teus olhos.

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