quarta-feira, 30 de março de 2011

Paradoxo Natural - Nuno Júdice


cactus
Na luz indecisa que deixa adivinhar a manhã, a névoa que impregna o ar desfaz-se quando os dedos de fogo do sol  a limpam, restituindo ao dia a sua transparência. Mas a mulher que ocupa o centro da paisagem não se apercebe da mudança. O seu corpo pertence à terra, e entrega-se ao ritmo subterrâneo das raízes, ouvindo o canto que regula a passagem das estações. Um desejo de sombra apodera-se da sua alma; e conta o tempo que falta para a noite, para se entregar ao silêncio do mundo, no lento eclipse dos sentimentos.

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