segunda-feira, 28 de março de 2011

Elizabeth Taylor e o fim de uma era - André Barcinski















Morreu Elizabeth Taylor. Pensei em postar ontem mesmo sobre Liz, mas, como a Ilustrada me pediu um texto, achei melhor esperar até hoje.
Muita gente escreveu obituários bacanas da atriz, falando de sua importância para o cinema.
Seus muitos casamentos e escândalos pessoais também foram dissecados.
Mas o aspecto da vida e carreira de Liz Taylor que acho mais interessante - mais até que seus filmes - é sua posição como ícone do culto à celebridade.
Elizabeth Taylor praticamente inventou a indústria da fofoca. Todo editor de tablóides e de programas sensacionalistas de TV deveria fazer um altar pra mulher.
Veja bem: quando ela despontou como atriz, logo após a Segunda Guerra, a indústria cultural simplesmente ignorava o público jovem.
Até o surgimento do rock’n’roll, de Elvis e James Dean, um adolescente não tinha ídolos próprios. Filhos curtiam os ídolos de seus pais.
A geração de adolescentes americanos do pós-guerra foi a primeira da história que não precisou trabalhar para ajudar a casa. Isso criou um mercado gigantesco para a diversão jovem.
Liz Taylor cresceu no meio disso.
Ela fez seu primeiro filme aos 9 anos. Sua mãe era uma vampira dominadora, que explorou ao máximo o talento da menina, que aprendeu a se defender muito cedo.
Liz logo sacou que “ser uma estrela” não se limitava apenas às telas de cinema. Era preciso criar uma figura pública tão interessante quanto os personagens de seus filmes.
Ela foi além: sua vida foi um melodrama ainda maior e mais sensacional do que os filmes que protagonizou.
Liz Taylor fez amizade com famosas colunistas de fofoca e criou amplo material para os tablóides sensacionalistas.
Quando seu terceiro marido, Michael Todd, 23 anos mais velho que ela, morreu num acidente de avião, Liz foi consolada por um amigo de Todd, o cantor Eddie Fisher. Não demorou pra ele cair de quatro por ela.
Fisher era marido da atriz Debbie Reynolds, com quem tinha dois filhos (incluindo Carrie, a “Princesa Leia” de “Guerra nas Estrelas”). Ele largou a família para se casar com Liz. O escândalo quase acabou com sua carreira. Liz tinha 26 anos.
Depois, ela abandonou Fisher para ficar com Richard Burton, que também era casado. Os tablóides acompanharam o desenrolar do romance durante as filmagens de “Cleópatra”. Foi um verdadeiro “reality show”, muito antes do Big Brother.
Ao longo dos anos, a opinião pública acompanhou a vida de Liz Taylor como se fosse uma novela mexicana: vários casamentos, internações, overdoses, mais internações, bebedeiras, escândalos, a obsessão por jóias, a amizade com Michael Jackson...
Quase ninguém falava da grande atriz Liz Taylor. Sua vida havia eclipsado sua obra.
Barbra Streisand disse tudo: “Liz Taylor morreu. É o fim de uma era”.
P.S.: Desculpem, mas não posso deixar passar: Muricy, o problema era você!

Um comentário:

  1. Não existe maneira melhor de homenagear Elizabeth Taylor do que assistir a alguns de seus melhores filmes.

    Aqui vai uma listinha pessoal com seis filmes de Liz. Os melhores? Nem sempre: tem “Cleópatra”, a apoteose do kitsch no cinema, mas que é divertidíssimo.

    Assim Caminha a Humanidade (1956)
    Liz faz a esposa de Rock Hudson, com quem se muda para um rancho no Texas e atrai a atenção de um funcionário do lugar, um rebelde impetuoso interpretado por James Dean. É um melodrama ambicioso sobre a indústria petrolífera no Texas. Foi o terceiro e último filme de Dean, que morreu pouco antes do lançamento.

    Gata em Teto de Zinco Quente (1958)
    Liz e Paul Newman, ambos no auge da beleza, se pegam e escancaram os problemas matrimoniais nesse drama muito bom de Richard Brooks, baseado na peça de Tennessee Williams.

    De Repente, no Último Verão (1959)
    Timaço: Liz Taylor, Montgomery Clift e Katharine Hepburn, em outra adaptação de Tennessee Williams. Hepburn força Clift a lobotomizar a própria sobrinha (Liz), para que ela não revele as causas suspeitas da morte do primo, filho de Hepburn. Que drama!

    Butterfield 8 (1960)
    Liz faz o papel da amante de um executivo (Laurence Harvey), que tenta acabar com o casamento dele. Apesar de ter levado o Oscar, Liz sempre rejeitou o filme, até porque estava passando, na vida real, por situação semelhante, como pivô da separação de Eddie Fisher (que trabalha no filme) e Debbie Reynolds.

    Cleópatra (1963)
    Uma megaprodução – põe mega nisso – e um grande fracasso de bilheteria que quase provocou a falência da 20th Century Fox. Foi uma das filmagens mais conturbadas da história do cinema, o que fez o orçamento do filme multiplicar por 20. O filme se tornou um ícone kitsch, involuntariamente engraçado, e mais curioso ainda pelo romance real que se desenvolvia entre Liz e Richard Burton.

    Quem tem Medo de Virginia Woolf? (1966)
    Uma batalha conjugal entre Liz e Burton, regada a álcool e mais álcool, que curiosamente espelhava o relacionamento do casal na vida real. Liz engordou quase 15 quilos para o papel e levou seu segundo Oscar.

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