quinta-feira, 25 de outubro de 2012

As palavras - Eugènio de Andrade - Portugal




São como cristal, as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes, leves.
Tecidas são de luz e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
.
Eugénio de Andrade

em Poesia e Prosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fale para mim