sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Comício em beco estreito > Jessier Quirino



"Pra se fazer um comício 
Em tempo de eleição 
Não carece de arrodei 
Nem dinheiro muito não
Basta um F-4000 
Ou qualquer mei caminhão 
Entalado em beco estreito 
E um bandeirado má feito 
Cruzando em dez posição.

Um locutor tabacudo 
De converseiro comprido 
Uns alto-falante rouco 
Que espalhe o alarido 
Microfone com flanela 
Ou vermelha ou amarela 
Conforme a cor do partido.

Uma ganbiarra véa 
Banguela no acender 
Quatro faixa de bramante 
Escrito qualquer dizer 
Dois pistom e um taró 
Pode até ficar melhor 
Uma torcida pra torcer

Aí é subir pra riba 
Meia dúzia de corruto 
Quatro babão, cinco puta 
Uns oito capanga bruto 
E acunhar na promessa 
E a pisadinha é essa: 
Três promessa por minuto.

Anunciar a chegança 
Do corruto ganhador 
Pedir o "V" da vitória 
Dos dedo dos eleitor 
E mandar que os vira-lata 
Do bojo da passeata 
Traga o home no andor.

Protegendo o monossílabo 
De dedada e beliscão 
A cavalo na cacunda 
Chega o dono da eleição 
Faz boca de fechecler 
E nesse qué-ré-qué-qué 
Vez por outra um foguetão.

Com voz de vento encanado 
Com os viva dos babão 
É só dizer que é mentira 
Sua fama de ladrão 
Falar dos roubo dos home 
E tá ganha a eleição.

E terminada a campanha 
Faturada a votação 
Foda-se povo, pistom 
Foda-se caminhão 
Promessa, meta e programa... 
É só mergulhar na Brahma 
E curtir a posição.

Sendo um cabra despachudo 
De politiquice quente 
Batedorzão de carteira 
Vigaristão competente 
É só mandar pros otário 
A foto num calendário 
Bem família, bem decente:

Ele, um diabo sério, honrado 
Ela, uma diaba influente 
Bem vestido e bem posado 
Até parecendo gente 
Carregando a tiracolo 
Sem pose, sem protocolo 
Um diabozinho inocente".

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