domingo, 4 de setembro de 2011

Adélia Prado > Deve ser amor



É preciso fé para cortar as unhas,
cuidar dos dentes como bens de empréstimo.
O cobrador invisível bate à porta.
Não durmo, ele também não.
Deve ser amor o que nos deixa unidos
neste avesso de mística.
Por orgulho de pobre
dou por bastante a pouca claridade
e prefiro a vigília antes que ter repouso.

PRADO, Adélia. A duração do dia. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 2010. p.61.

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